Como se sabe, nada no universo é inútil e Deus, em sua grandeza, deu aos diferentes corpos do Cosmos um papel.
Apesar da Terra ser o único planeta do Sistema Solar que abriga a vida como nós a conhecemos aqui no plano dos encarnados, como já se sabe, os demais planetas que giram ao redor do nosso Sol abrigam uma ampla comunidade de Espíritos.
Mas, falando sobre o que se tem de informação trazida pelas comunicações dos Espíritos a respeito de Marte, ao se fazer uma busca bibliográfica foi constatada a presença de informações divergentes a seu respeito.
Nas Revistas Espíritas de março de 1858 e outubro 1860, Marte é descrito como um planeta menos evoluído, sendo um esboço grosseiro da Terra, habitado por Espíritos pertencentes à nona classe (Espíritos impuros), que possuem a forma humana, mas sem nenhuma beleza, sendo rudimentares, possuindo todos os instintos do homem sem o enobrecimento da bondade, com vida curta devido ao seu baixo grau de evolução. Sobre os aspectos físicos do planeta, este é caracterizado como sendo árido, com vegetação escassa, de folhagem sombria, sem inverno e verão, com céu acinzentado e sol aparente, com dias curtos e noites longas, possuindo um vento que ruge e curva as árvores até o solo, um mar furioso que separa os continentes e é inavegável, sem vulcões e com terreno monótono, cujas águas submergem as terras.
Sobre os aspectos sociais dos habitantes de Marte, tem-se que a vida é baseada na conquista do alimento, que não há indústrias nem invenções, as moradias são grosseiras e baixas, as mulheres tem apenas o sentimento maternal, os habitantes abandonam os doentes, cremam os mortos, possuem inteligência pouco desenvolvida e são poligâmicos
Ao se analisar as informações descritas acima trazidas por um Espírito identificado como Georges que se comunicou por meio da psicografia de uma médium identificada como Sra. Costel por Kardec e que foram publicadas nas Revistas Espíritas citadas, e considerando a informação de que Marte seria então um planeta inferior ao nosso, pode-se concluir, então, que tal descrição de Marte se refere a um plano material, onde os seres nascem, crescem, se reproduzem e morrem. No entanto, como se sabe, o Planeta Marte não possui vida material, não tendo sido encontrado até o momento nem se quer vida bacteriana, apesar das inúmeras investigações desde 1964. Pode-se verificar a linha do tempo das explorações em Marte na imagem abaixo retirada do site da NASA:
Considerando, então, apenas o fato de que o relato do Espírito Georges se trata da descrição de uma suposta vida material em Marte, e considerando as informações que já se tinha a respeito do planeta e as que temos hoje, pode-se concluir que a mensagem é falsa. No entanto, deixo aqui um uqadro comparativo com as informações que se tem hoje, constatadas pela ciência e com a descrição trazida pelo Espírito, onde se pode verificar os equívocos do mesmo.
Quadro 1: Comparação entre as informações que se tem a respeito do Planeta Marte hoje e a descrição trazida pelo Espírito Georges.
Outras descrições de Marte foram fornecidas por dois outros Espíritos décadas depois, sendo estes identificados como Maria João de Deus e Humberto de Campos por meio da psicografia de Francisco Cândido Xavier em duas Obras distintas: Cartas de uma morta (1935) e Novas Mensagens (1939) e como se poderá constatar elas são bem diferentes (praticamente o oposto) dos relatos trazidos pela Revista Espírita.
Em "Cartas de uma morta" de Maria João de Deus, Marte é descrito como um planeta mais evoluído que o nosso, cujo um ano tem 668 dias, o dia semelhante à Terra sendo ligeiramente maior com 24h e 40min, com estações do ano mais demoradas, vegetação ligeiramente avermelhada, com flores e frutos de coloração variável, com atmosfera muito rarefeita, com oceanos com água menos densa e mares pouco profundos e interligados e com chuvas escassas, sendo que água se infiltra no solo, combinando-se com elementos químicos das rochas. A autora não chegou a visualizar montanhas e relatou que Marte possui 2 luas menores que a nossa. Com relação aos aspectos sociais, a autora relata que os habitantes de Marte evoluíram mais rapidamente que nós, possuem constituição física semelhante a nossa, porém com algumas diferenças peculiares tal como a presença de protuberâncias a guisa de asas, possuem um elevado desenvolvimento científico e tecnológico, são felizes, não vivenciam guerras, possuem uma elevada espiritualidade, e há uma vibração de paz e harmonia no local.
Humberto de Campos descreve Marte de modo semelhante à de Maria João de Deus, dando mais ênfase, no entanto, aos aspectos sociais de seus habitantes, descrevendo-os igualmente como sendo mais evoluídos que nós, sem a presença de guerras ou flagelos sociais, muito evoluídos intelecto e tecnologicamente, cuja ciência está unida à fé, com edificações semelhantes às nossas mais ousadas construções e que se alimentam por meio de elementos da atmosfera. O autor espiritual relata que tais seres conhecem nossa inferioridade e se preocupam com ela e que eles conseguem manter contato com Espíritos de grande evolução. Sobre os aspectos físicos, Humberto relata que a vegetação é de um colorido mais interessante, com uma expressão avermelhada, com presença de grandes nuvens levemente azuladas, constituídas de vapor de água e com presença de oceanos nas regiões dos polos.
Ao se analisar a descrição destes dois últimos autores espirituais, verifica-se que se trata realmente de um planeta mais evoluído, não no sentido material como nós o conhecemos aqui na Terra, mas sim no sentido "espiritual" e devido às diferenças do orbe e do nível de evolução dos seus habitantes, pode-se dizer que tal sociedade é menos materializada que a nossa, e sendo assim, obviamente ela não é visível para nossos olhos terrestres, sendo necessário estarmos desprendidos do corpo físico e possuirmos um determinado grau de evolução espiritual para poder conhecê-la.
Chama atenção, no entanto, o fato de os aspectos "espirituais" ou menos materiais (se assim preferir) de Marte também apresentarem semelhanças com a parte material e visível para nós do planeta. Segue abaixo o quadro comparativo:
Quadro2: Comparação entre os relatos de Maria João de Deus e de Humberto de Campos e as Informações sobre Marte constatadas pela Ciência.
Após analisar o quadro acima e considerando que as descrições fornecidas por estes autores se trata da observação dos aspectos mais "espirituais" de Marte, constata-se que existe uma aproximação importante com a descrição dos aspectos "físicos" do planeta em comparação com o que a nossa ciência nos demonstra a respeito dos aspectos materiais de Marte. Isso é importante pois fornece maior credibilidade aos relatos, diferentemente do relato do Espírito Georges cujas informações estão erradas, inclusive para o que já se sabia sobre o planeta na época do recebimento de sua mensagem.
Não temos como comprovar cientificamente como realmente é a vida espiritual dos habitantes de Marte, porém, quando os Espíritos fazem referência a sua parte material (visível para nós os encarnados e consequentemente possível de ser estudada) temos que analisar com cautela as mensagens fornecidas pelos Espíritos.
Cabe lembrar que mesmo os planos espirituais adjacentes ao nosso planeta guardam semelhanças físicas com a nossa parte material e que, por isso mesmo, o mesmo deve acontecer com os demais planetas.
Acredito que as descrições dos Espíritos Maria João de Deus e Humberto de Campos estão mais fiéis à realidade espiritual (ou menos materializada) dos habitantes de Marte do que do Espírito Georges.
Ressalto ainda que na Revista Espírita de Março de 1958 no artigo intitulado Júpiter e alguns outros mundos Kardec coloca que os relatos dos Espíritos referentes às descrições da vida espiritual nos diferentes mundos são trazidas a título de notícias "aos quais cada um
está livre para ligar a importância que julga adequada".
Solicito, então, que todos ao lerem este post se aprofundem nos estudos lendo as obras citadas e conhecendo mais sobre o que nossa ciência tem de informação sobre o plante Marte.
Deixo aqui algumas datas importantes a respeito de algumas descobertas sobre Marte:
500 A.C. - O Planeta Vermelho recebe o nome de Marte em homenagem ao Deus da Guerra Romano.
1609 D.C. - Johannes Kepler calcula a órbita de Marte.
1659 - Christiaan huygens faz a primeira observação da superfície de marte por meio de um telescópio, constatando marcas na superfície do planeta. Ele constatou que um dia em Marte tem 24 horas e 40 minutos.
1672 - Descoberta das calotas polares de Marte por Christiaan huygens.
1784 - Descoberta das estações em Marte pelo astrônomo William Herschel.
1877 - As duas luas de Marte são descobertas pelo astrônomo Asaph Hall.
1896 - Astronomo Percival Lowell relata em seu livro "Mars as the above for life" que marte é habitado por seres inteligentes.
1924 - Mensuração da temperatura da superfície em Marte pelos astrônomos Edison Pettit e Seth Nicholson.
1938 - A idéia de que Marte é habitado por seres inteligentes se torna popular na ficção científica.
1947 - Astronomo Gerard Kuiper descobre que a atmosfera de Marte consiste majoritariamente de dióxido de carbono.
1965 - Espaçonave Mariner 4 faz o primeiro sobrevoo em marte e tira as primeiras fotos de sua superfície. Demais informações sobre o planeta foram sendo descobertas após essa data.
1971 - Espaçonave Mariner 9 encontra os vulcões inativos de marte, bem como seu sistema gigante de canyons e erosão causada por fluídos.
Fontes utilizadas para a obtenção de informações a respeito do Planeta Marte:
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